segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Quem gosta de cama é colchão.


Dr. Márcio Borges

A primeira providência que muitos de nós tomamos, quando estamos cansados e doentes é procurar uma cama para deitar. Realmente, o descanso e o sono são grandes remédios e reparam nossas forças e energias, na busca de uma melhor convalescência. Como diziam os antigos: “Nada melhor para curar uma gripe do que vitamina C e cama!”

Num processo de envelhecimento mais patológico, o idoso apresenta algumas doenças sérias, onde a dificuldade de andar e o desequilíbrio podem estar presentes, levando a família e os cuidadores a deixá-lo na cama, por um período muito grande do dia. “Coitadinho, ele está tão fraquinho!”, “…o doutor recomendou repouso, portanto CAMA!”

Existe na geriatria e na gerontologia uma grande preocupação em reabilitar estes idosos mais debilitados, seja por fraturas de colo de fêmur, sejam pelas fases mais avançadas de Parkinson e Alzheimer, seja por uma isquemia cerebral séria, enfim qualquer doença que incapacite severamente o idoso.

Todo gerontólogo sabe dos gigantes da geriatria, ou seja, as cinco condições que são uma verdadeira praga na vida daquele idoso mais dependente:

- Imobilidade
- Instabilidade postural, que leva às quedas
- Incontinência urinária e fecal
- Iatrogenia
- Insuficiência cerebral, que leva à demência

Todas estas cinco condições ou síndromes, coincidentemente, começam pela letra i. Aos poucos, em nossos posts irei falando de cada uma delas. Hoje, nosso assunto é tirar o idoso da cama. E fazer isto é lutar contra a SÍNDROME DA IMOBILIDADE. Deixar um idoso dependente acamado na maior parte dia, é deixar que alguns problemas sérios e incapacitantes ocorram. São eles:

- escaras ou úlceras de pressão e decúbito (aqueles ferimentos na região glútea e nas coxas).
- prisão de ventre severa.
- incontinência urinária.
- levantando-se sozinho, o idoso pode cair com mais facilidade, quebrando a perna… ficando mais imobilizado…
- o idoso fica mais confuso, mais depressivo, a memória falha mais…
- normalmente, o idoso que fica acamado toma muito mais medicamentos.
- maior tendência às infecções urinárias e à pneumonia.

Falo sempre com os familiares e cuidadores: “QUEM GOSTA DE CAMA É COLCHÃO!” ou “NÃO QUERO QUE MEUS IDOSOS SEJAM BONS DE CAMA!” Esta retirada paulatina do idoso imobilizado no leito é feita através de reabilitação. E REABILITAÇÃO se faz, na medida do possível, com uma equipe multidisciplinar. O geriatra orientando em relação às doenças e seus tratamentos, o fisioterapeuta reabilitando e retirando este idoso da cama, a enfermagem cuidando e ensinando a cuidar, a nutrição orientando uma dieta balanceada. É assim que se faz, é assim que reabilitamos e tiramos nosso idoso da cama. Sua qualidade de vida irá melhorar muito!

Texto transcrito da Fanpage - Cuidar de Idoso
Tendo sua postagem datada de 18 de outubro
foto:  Fanpage - Cuidadar de Idoso

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