terça-feira, 4 de maio de 2021

Memória do Idoso

Materia muito interessante do Dr. Drauzio publicada no site da UOL.
Vale dar uma conferida.

 


Maria Helena Varella Bruna
Publicado em: 6 de outubro de 2011
Revisado em: 11 de agosto de 2020

Conforme a população envelhece, tornam-se mais comuns os problemas de memória nos idosos.

 A população de homens e mulheres acima dos 60 anos aumentou muito nas últimas décadas. Alguns ultrapassam os 80, 90 anos em condições clínicas satisfatórias, mas são raros os que não apresentam dificuldades com a memória. Em geral, as recordações do passado permanecem vivas, recheadas de pormenores, mas a memória falha, quando querem lembrar de acontecimentos recentes. Isso desconcerta um pouco os familiares. “Meu avô conta, com minúcias, histórias que ocorreram quando tinha cinco anos e morava no interior e se esquece do número do telefone de casa ou o que comeu no almoço”, fala o neto preocupado.

A pergunta que se impõe é, se a partir dos 40, 50 anos a capacidade de armazenar informações começa a sofrer um processo lento e gradativo de deterioração, ou se, no mundo moderno, a quantidade absurda de informações com que somos bombardeados dificulte sua assimilação. De qualquer modo, a perda da memória não pode ser considerada como um fato inexorável associado ao envelhecimento. Quanto mais precoce forem diagnóstico e a prescrição do tratamento, mais fácil será deter a evolução da perda da memória.

SÍNDROME DEMENCIAL

Drauzio – A partir dos 40, 50 anos, perdemos um pouco a capacidade de reter os fatos na memória ou, hoje, a quantidade de informações é tão grande que é impossível lembrar todas elas?

Alberto Macedo Soares –Essa é uma dúvida a ser esclarecida. Não se pode negar que, hoje, além do acúmulo enorme de informações,  o grau de preocupação é tanto que o trabalho não se encerra com o término do expediente. Muitas vezes, a pessoa  de 40, 50 anos entra em casa, liga o computador e continua em atividade,  comprometendo as horas que deveriam ser reservadas para descansar e dormir. Essas situações são responsáveis por aumento da carga de estresse e pelo déficit de atenção, que podem provocar prejuízo da memória, principalmente da memória recente.

No entanto, não podemos interpretar a perda da memória como um fato inexorável associado ao envelhecimento. Existem pessoas com 85, 90 anos com memória absolutamente íntegra, enquanto outras apresentam alterações muito mais jovens. Cabe-nos, então, investigar o que antigamente se chamava de esquecimento benigno e distingui-lo do esquecimento que é maligno, pois o déficit de memória associado à idade, que não é doença, é diferente da perda de memória que caracteriza a síndrome demencial, uma doença que prejudica o indivíduo a tal ponto que ele não consegue mais manter as funções social, pessoal e profissional.

Drauzio – Como se traça essa linha divisória?

Alberto Macedo Soares – Essa é a grande dificuldade. O envelhecimento pode, sim, trazer um pequeno déficit de atenção, de concentração, de armazenamento de dados atuais, mas em absoluto isso compromete as funções sociais do indivíduo. A partir do momento, porém, que ele passa a cometer deslizes no trabalho, não se lembra do nome do neto que vê todos os domingos, nem de tarefas corriqueiras como pagar uma conta, o esquecimento deixa de estar associado à idade e passa a ser encarado como sintoma de síndrome demencial. Embora esse termo pareça pesado demais e pejorativo no Brasil, esse é o nome que se usa em todo o mundo.

 

Drauzio – Parece certo que a perda de memória associada à idade frequentemente se refere à memória precoce. As memórias tardias ficam bem arquivadas e custam a desaparecer.

Alberto Macedo Soares – Tanto no prejuízo da memória associado à idade quanto na síndrome demencial, o déficit manifesta-se inicialmente para os fatos recentes. As pessoas vão se esquecendo dos recados, do número do telefone, do nome do vizinho. Quando o processo se agrava é um sinal de alerta.


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